Nova espera

Rai Duarte aguarda agendamento para passar por cirurgia considerada urgente

Procedimento no abdômen já deveria ter sido feito, mas previsão da Secretaria de Saúde de Porto Alegre estima início de novembro como data provável

Foto: Carlos Queiroz - DP - Antes do agendamento da cirurgia, é necessária uma consulta no Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Um ano e quase quatro meses depois de ser agredido e quase morto como consequência de abordagem policial, Rai Duarte ainda enfrenta empecilhos para se recuperar dos traumas sofridos. O torcedor do Brasil precisa passar por uma cirurgia considerada urgente na região do abdômen, mas aguarda liberação da Secretaria de Saúde de Porto Alegre. Por conta das especificidades da delicada operação, o procedimento só pode ocorrer no Hospital de Clínicas, na capital. E a previsão atual, feita nesta quinta-feira (24), indica o começo de novembro como data provável.

Afastado do trabalho desde 1º de maio do ano passado, o agente municipal de saúde foi diagnosticado com hérnia incisional complexa – caracterizada por “grandes defeitos da parede abdominal, ligadas à perda de domicílio de vísceras e possível infecção de tecidos moles”. A cirurgia deveria ter sido feita em junho ou julho deste ano, mas o Hospital Cristo Redentor, onde Rai passou quatro meses internado em 2022, não realiza operações desse grau de delicadeza.

O Hospital de Clínicas, por outro lado, é referência nesse tipo de procedimento. Rai está com os órgãos “bagunçados” no abdômen, o que exigirá a aplicação de gás carbônico para ampliar o espaço e permitir o trabalho dos médicos. “Está começando a me doer. Está ruim até de dormir, muito peso na barriga. Não posso pegar nada de peso, nem meu filho”, conta, lembrando que o pequeno Hyantony está perto de completar um ano e, com dez quilos, ainda não esteve nos braços do pai por conta das sequelas da violência.

Compasso de espera

Antes do agendamento da cirurgia, é necessária uma consulta no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. “Os médicos já sabem de tudo, estão esperando por mim, mas eu dependo da regulação, tudo é a burocracia. Documentos já estão todos com eles”, explica Rai. O Estado se responsabiliza pela marcação dos horários, e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Pelotas faz o “meio-campo”.

“A diretora de Atenção Hospitalar da Secretaria de Saúde de Pelotas, Caroline Hoffmann, explica que o paciente Raí Cardoso Duarte teve a consulta no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, autorizada na semana passada e, agora, a Secretaria de Saúde de Pelotas aguarda a disponibilidade de vaga e a confirmação da consulta pela regulação da Secretaria de Saúde de Porto Alegre”, diz nota encaminhada pela assessoria de comunicação da Prefeitura ao Diário Popular.

Durante a tarde desta quinta, a reportagem do DP entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Saúde de Porto Alegre. “Ele [Rai] aguarda agendamento em cirurgia geral solicitada no final de julho, com média de 110 dias para agendamento”, informa a pasta da capital. O prazo, então, seria o começo de novembro. Enquanto isso, o torcedor xavante permanece afastado do trabalho – o auxílio-doença se encerra em 30 de outubro.

Investigações

Ainda transcorre na Justiça Militar o processo de checagem da conduta dos 17 militares envolvidos na ação realizada após a partida entre Brasil e São José, no estádio Francisco Noveletto, pela quarta rodada da Série C de 2022. Como o DP informou no mês passado, rodadas de depoimentos de réus, testemunhas e vítimas foram adiados, a pedido da defesa dos réus.

Conforme o advogado de defesa das vítimas, Rafael Martinelli, é preciso esperar desdobramentos burocráticos para o andamento do caso. “A gente está aguardando o novo recebimento da denúncia, pela magistrada”, disse, nesta quinta, à reportagem. O Ministério Público também participa da investigação, e recentemente houve uma substituição do promotor responsável.

Em maio, nove policiais sob investigação foram reintegrados a diferentes batalhões de Porto Alegre. Como também já trouxe o DP recentemente, processos da Justiça Militar investigam os 17 militares que viraram réus pelas agressões a Rai e a outros torcedores do Brasil. Os 16 que são soldados passam por um Conselho de Disciplina, enquanto o primeiro tenente Dinei Silva Leon tem a conduta checada por um Conselho de Justificação. Dependendo do andamento das investigações, todos eles podem ser exonerados do serviço público e, posteriormente, até presos.

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